segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Morreu um Poeta

Morreu Emanuel Félix. Poeta da Terceira, dos Açores e do Mundo. Como Vitorino Nemésio se dizia. O tempo fará justiça à sua Obra. Como sempre acontece entre nós.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

A respeito do "Júlio"

Alguém viu a história de um menino de 4 anos,da nossa terra, chamado Júlio, hoje no Telejornal da RTP Açores?

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

A respeito da coligação do PS com o PSD em 1983

A coligação do PS com o PSD em 1983 não tem, na minha opinião, nada a ver com a actual pretendida coligação do PP com o PSD, por várias razões que passo a enumerar:
1º - Não foi, nem uma coligação pré eleitoral, nem um acordo pré eleitoral. Não teve portanto o objectivo, que agora eu e os que pensam como eu, apontamos, de tentar ganhar as eleições, a qualquer preço.
2º - Tratou-se, naquela altura, de viabilizar um Governo, como aliás é norma corrente, quando nenhum dos Partidos obtem uma maioria confortável que lhe permita formar Governo.
3º - O PS ganhou na altura as eleições, num período muito conturbado (repare-se que era o 9º Governo em 9 anos!) e não detinha a maioria. Para evitar a queda sucessiva de Governos, que até ali se vinha verificando, negociou com TODOS os Partidos de então e chegou a acordo com o PSD, 2º Partido mais votado.
4º - Se o PSD regional concorresse às eleições SÒZINHO e tivesse o maior numero de votos e DEPOIS das eleições precisasse de negociar para garantir estabilidade governativa, mesmo que fosse com o PP, grande parte dos argumentos que eu, e os outros que pensam como eu, usamos, não teriam razão de ser.
5º - As duas situações portanto parecem-me bastante distintas tanto na causa como no efeito.
6º - Se eu fosse uma defensora desta coligação do PP com o PSD não vinha falar naquela coligação de 1983 neste momento como exemplo. Atente-se na duração que a mesma teve: 1983-1985..... Dois anos... Foi efémera, não acham? Não augura muito bom futuro...

sábado, fevereiro 07, 2004

Protecção e Proteccionismo

Sr. Nuno Barata: Quando refiro a "protecção" dada pelo Presidente do Governo Regional dos Açores à RTP Açores, não estou a falar de "proteccionismo". Considero que uma palavra não tem nada a ver com a outra.
Entendo que a posição que o Presidente do Governo tomou, tem como objectivo proteger a RTP Açores, que é de todos nós. Se vai ser dada a possibilidade a todos os Açoreanos de verem livremente todos os Canais que a República tem para lhes oferecer, então que nos seja dada também a liberdade de oferecermos aos habitantes do Continente Português o nosso Canal. É, na minha opinião, mais uma ótima forma de fazermos chegar a "nossa" voz até lá e de lhes contarmos a história à nossa maneira. Não acha?

Não gosto de "rótulos". Nunca rotulo ninguém e também não gosto que me rotulem.
Deve ser uma questão de criação. Quando eu nasci, a 2ª Guerra Mundial, tinha acabado havia meia dúzia de anos. A Europa ainda cheirava a mortos e os Açores tinham acabado de ser entregues aos "Aliados" pelo Governo Português.
No Liceu Nacional de Ponta Delgada ( tinha deixado de se chamar Antero de Quental ) não li Antero. Não fiz "Ginástica". Fiz "Lavores". enquanto os rapazes faziam Educação Física com o Prof. Augusto Moura, as raparigas faziam Lavores, com a Menina Zélia. Havia o portão dos rapazes e o portão das raparigas, e o recreio dos rapazes e o recreio das raparigas. Os rapazes não podiam vir juntos com as raparigas até aos portões do Liceu. Separavam-se a partir do canto do "Manteiga". Andávamos todos de bata branca e estudávamos "Moral". Era obrigatório. O Professor era normalmente um Padre.
Quinze dias depois de me casar mandaram o meu marido para Moçambique, para defender a Pátria e combater os "terroristas" durante pelo menos dois anos. Havia uma música, cantada pelo coro da FNAT ( Fundação Nacional de Alegria no Trabalho) que se chamava "Angola é Nossa". Havia umas senhoras de Lisboa, que eram da alta sociedade de então e que fizeram um Movimento que se chamava o "Movimento Nacional Feminino". Contavam-me os que vinham do "Ultramar" que elas apareciam nos aquartelamentos e levavam cigarros às Tropas. Havia também umas outras que eram as "Madrinhas de Guerra". Nunca percebi bem o que eram. Ouvi dizer que alguns soldados casaram com a sua Madrinha de Guerra.
Dois dos meus colegas do Liceu morreram na "guerra". Um, na Guiné. O outro, em Angola. Vieram numas urnas cobertas com a bandeira Portuguesa e tiveram honras militares. Ficavam sempre, as urnas dos soldados de cá de São Miguel, na Igreja de Santo André em câmara ardente. Eram os heróis do meu tempo.
Depois, houve o 25 de Abril. Só chegou a notícia a 26. Não se sabia bem o que é que tinha sido e então procurávamos ouvir as rádios de Lisboa a ver se se conseguia perceber mais alguma coisa. Confesso, que, na altura, a minha maior ansiedade era perceber se iam acabar com a "Guerra do Ultramar" para me devolverem o marido mais cedo. Sempre acabou por vir 4 meses antes dos 2 anos.
Depois, foi o que se sabe. Quando, com 24 anos, pela primeira vez pude ir votar, lembro-me como se fosse hoje. Estava tão nervosa como quando ia fazer exames ao Liceu.
Ainda me lembro de estar desconfiada se seria mesmo verdade que podia pôr ali o meu voto e ninguém saber em quem eu tinha votado.
É por tudo isto que não gosto que me ponham "rótulos".

P.S. "Fôfa de Frio" é uma palavra que também faz parte dos nossos dialectos dos Açores. É assim que se chamam as "Frieiras" na Ilha do Pico.

As Televisões e Etecétera

1. Não entendendo o porquê de tanto alarido à volta da história das televisões Sic e TVI para que possam passar a ser vistas pelos habitantes dos Açores e da Madeira em situação de igualdade aos habitantes de Portugal ( por acaso e só por uma questão de curiosidade sei que, nalgumas aldeias do Alto Douro em Portugal, não se consegue ver a TVI...). Pessoalmente considero que ambos os canais têm uma programação de baixa qualidade e uma informação normalmente tendenciosa e a pender para o escândalo e o sensacionalismo. Fizessem-se então outras coisas para corrigir tantas e tão importantes situações em que há sérias "desvantagens" dos Insulares em relação aos continentais há séculos!
Deve ser porque estas coisas dão mais votos...
Ao menos, se forem para a frente com esse "projecto", façam qualquer coisa para que essa gente da Sic e da TVI estude um pouco da nossa História e Geografia. Senão, a desgraça vai ser maior ainda do que o que tem sido.

2. A atitude do Presidente do Governo Regional dos Açores em relação à protecção que entendeu dar à RTP-Açores merece o meu acordo a 100 por cento.

3. Ouvi ontem que no Norte de Portugal, numa terra chamada "Montalegre", à porta dum Tribunal, o jornalista e o operador de câmara da SIC foram "impedidos" pelos populares presentes de continuarem a fazer o seu trabalho de informar. Nos últimos tempos, quando andaram por aqui a fazer o seu trabalho de informar, cheguei a pensar que ia acontecer alguma coisa assim. Mas não aconteceu nada.